Ao longo da história civilizatória, o homem travou uma constante oposição com o meio ambiente. Tudo em nome da tal “sobrevivência da espécie”. E parece que ainda não aprendeu a se integrar de vez com a natureza, mesmo sabendo que fazemos parte dela. O suposto “grito de libertação” do homem somente provocou o distanciamento dele em relação aos seus instintos. Essa separação teve um, de inúmeros preços: as variáveis práticas de crueldade e maus tratos aos animais. Que tal mudarmos a chave de nossas consciências de uma vez por todas e praticarmos amor através de uma guarda responsável?
Um grande paradigma civilizatório!
Enquanto o homem resistir em se reconhecer como natureza animal, alimentando em sua mente que os demais seres viventes são objetos passíveis de apropriação e domínio, menos se reconhecerá na abundância e plenitude do universo. E aqui, eu trago a reflexão da questão da guarda responsável de animais (domésticos ou não). Assunto urgente a ser tratado nas construções jurídicas do Direito Ambiental, visto a crescente demanda ao qual cada vez mais a sociedade constituí fortes, crescentes e afetivos laços com algumas espécies, a exemplo de cães e gatos. Muitas vezes, transformando-os em verdadeiros entes familiares.
O desequilíbrio na população animal levou a excessos populacionais que proporcionaram problemas de saúde pública. E há de se ter um olhar de compaixão a esses bichanos que na maioria das vezes nem tem como se defender. O primeiro passo de tudo é compreender claramente a importância de se mudar o termo “posse responsável” para “guarda responsável”.
Não é questão de simples estética da palavra
O termo “posse” apresenta uma ideologia implícita em sua semântica: o animal ainda continuaria a ser considerado um “objeto”, uma “coisa”, que teria um “possuidor” ou “proprietário”. Já a “guarda”, etimologicamente e segundo o Grande Dicionário Larousse Cultural da Língua Portuguesa, enquanto expressão, significa: “(Do al. ant. warda, pelo lat. guarda.) 1. Ação de guardar. – 2. Vigilância que tem por finalidade defender, proteger ou conservar. – 3. Proteção, abrigo, amparo. – 4. Pessoa encarregada da guarda, vigilância de um animal, de alguma coisa, de um lugar”.
Já que estabelecemos a visão entre “posse” e guarda”, faz-se necessário consideramos já superada a visão de que qualquer animal é um objeto, sob a ótica do direito dos animais, visto que o animal é um ser que sofre, tem necessidades e direitos. É bom destacar que, tradicionalmente, o animal é o ser mais marginalizado de todos os seres, ao ser “usado” e “abusado” sob todas as formas possíveis. Isso porque não existe a menor possibilidade de se defender ou a notória dificuldade de se manifestar perante os “racionais” seres humanos. Aqui eu faço um acréscimo que tais tipos de obstáculos já ocorreram também no passado com os “surdos mudos”, “mulheres”, “loucos de todo o gênero”, “índios” e “negros”. É só informar-se sobre a história!
Mascarando a realidade do extermínio em massa
Me pergunto: Será que nunca vamos aprender com nossa história civilizatória? “Os cães e gatos são agentes que interferem na promoção da saúde, positiva ou negativamente, dependendo da guarda responsável e das políticas públicas implantadas” (GARCIA; MALDONADO; LOMBARDI, 2008, p. 107). De acordo com os estudos médico-veterinários da Revista Clínica Veterinária, nº 30, jan./fev. 2001, a companhia dos animais produz efeitos benéficos relevantes, tais como:
a) Efeitos psicológicos: diminui depressão, estresse e ansiedade; melhora o humor;
b) Efeitos fisiológicos: menor pressão arterial e frequência cardíaca, maior expectativa de vida, estímulo a atividades saudáveis;
c) Efeitos sociais: socialização de criminosos, idosos, deficientes físicos e mentais; melhora no aprendizado e socialização de crianças.
Ao contrário de seu companheirismo, o abandono de animais é uma das práticas que prejudica a saúde ambiental no amplo sentido. Em primeiro lugar, na execução do abandono, existe a procriação descontrolada de cães e gatos. Além disso, a irresponsabilidade ou ignorância dos seus tutores que os desamparam só contribuem para com que afete o bem-estar animal, sendo, então, considerados maus tratos. Por exemplo, na tentativa de solucionar o problema de superpopulação, alguns Centros de Controle de Zoonoses (CCZ), são acusados de utilizar uma maneira simplista e nada humanitária, o extermínio em massa, eliminando todo e qualquer animal encontrado nas ruas não reclamado por seu dono. Sim, infelizmente, tal prática ainda acontece no Brasil!
Senciência animal, amor incondicional
A verdade é que se faz necessário uma mudança de atitude urgente. E, claro, o incentivo à guarda responsável é de fundamental importância para o sucesso do controle de populações de cães e gatos. Contudo, é indispensável que o tutor do animal tenha ciência de suas obrigações, uma vez que os bichos, assim como os seres humanos, têm a capacidade de sentir. Melhor dizendo: as sensações como a dor e agonia, ou, as emoções como o medo e a ansiedade são estados subjetivos, próximos ao pensamento e, claro, estão presentes na maior parte das espécies animais. Em breve, eu falarei da senciência animal com mais acuidade. Por ora, recomendo a leitura do artigo “Vegetarianismo, alinhado com os princípios universais” para ampliar mente, consciência e horizontes.
Tudo isto exposto, já está passada a hora de guardarmos a natureza em nossos corações, com atitudes e ações edificantes, mas, acima de tudo, com imenso respeito a Mãe Terra. Incentivemos, então, a guarda responsável e dignidade dos animais junto as crianças, bem como tragamos luz a rigidez de determinadas crenças sociais junto aos adultos que ainda não tem essa consciência dos sentimentos de qualquer ser vivo, independente de que espécie ele pertença. Não é pedir muito, é?
Enfim, posso dizer que a literatura é uma grande aliada nisso tudo, por isso, recomendo a leitura da trilogia da gata Bia que, em suas entrelinhas, além de conquistar crianças e adultos com a narrativa, traz à tona a temática da guarda responsável. Exercitemos com plenitude e consciência tal custódia!
8 comentários
Maria Ospina · 17/08/2020 às 11:09 AM
Muy interesante mi amor 💕 en un alto porcentaje estoy de acuerdo contigo. También conozco tu desmedido amor por todos los animales . Te amo 😍 Ana Dantas
Ana Dantas · 17/08/2020 às 7:00 PM
Gratitud por dejarme leer y expresarme libremente. Las diferencias existen y son saludables, siempre que se respeten los diferentes puntos de vista. ¡También te amo! 💕💕💕
Cristina Brito · 17/08/2020 às 12:28 PM
Texto muito valioso. Eu sou extremamente responsável pelas mnhas meninas gatinhas Flor e Zazu
Ana Dantas · 17/08/2020 às 7:01 PM
Cris, querida, gratidão pela sua leitura ao meu artigo e amor incondicional aos animais. São seres de luz, como nós somos. 💕💕💕
Zaz · 17/08/2020 às 12:58 PM
O amor dos animais por seus donos é incondicional. Nada mais puro do que isso.
Ana Dantas · 17/08/2020 às 7:03 PM
Zaz, gratidão pela sua leitura ao meu artigo. Infelizmente nem todos os tutores tem amor incondicional pelos bichanos. Alguns abandonam ou praticam maus tratos. Contudo, aqueles que os amam de forma incondicional, aprendem o verdadeiro amor sublime. 💕💕💕
Leila Fagundes · 17/08/2020 às 3:26 PM
Ótimo texto Ana! Traz uma importante visão sobre como podemos proteger os animais , reconhecer o quanto eles nos fazem bem, desenvolvendo o amor incondicional e nos aproximando de nossa essência. Gratidão ! 🌻🙏
Ana Dantas · 17/08/2020 às 7:05 PM
Leila, querida, se somos o Universo, porque não amá-los de forma incondicional, uma vez que, fazendo isso, estamos também demonstrando o amor-próprio? 💕💕💕 Gratidão pelo seu belo comentário!