Do latim e do grego (lat. fari, falar; greg. phaó, dizer, contar algo), o termo fábulas significa narrativas curtas, normalmente protagonizadas por animais ou objetos que assumem comportamentos e características do ser humano. O gênero é bastante popular na literatura infantil, entretanto é apreciado por pessoas de diferentes idades. Além de representarem situações vividas por seres humanos, usualmente o objetivo desta forma de contar histórias é a transmissão de moralidade, bem como traz algumas lições importantes para refletirmos sobre a vida. Você já curtiu alguma fábula em especial?
Considera-se que a fábula tenha sido o primeiro gênero narrativo a aparecer. Alguns estudiosos afirmam que por volta do século XVII, surgiram, na França e na Inglaterra, as histórias escritas para crianças, em uma linguagem simples e acessível à compreensão dos pequenos. Outros estudos, no entanto, declaram que as fábulas nasceram da tradição oral, passadas de geração para geração e indicam que surgiram, mais precisamente, no Oriente, por volta do século V ou VI a.C. Nesta tese, fabulare significa história, jogo e narrativa.
Diversidade de narrativas
Associada à literatura infantil, quem não se lembra de histórias como “A cigarra e a formiga”, “O leão e o ratinho” e “A raposa e as uvas”? Consta que o gênero chegou à Grécia através de Esopo e, no século I a.C., ao Império Romano, através de Fedro, que o enriqueceu estilisticamente. No século XVI, Leonardo da Vinci divulgou os textos, contudo não obteve grande repercussão fora da Itália e muitos de seus escritos permaneceram desconhecidos até o século XX.
As primeiras histórias escritas para o público infantil foram do francês Jean de La Fontaine (1621 – 1695) que reescreveu as fábulas a partir dos modelos latino e oriental, introduzindo-as definitivamente na literatura ocidental com sua primeira publicação em 1668. E também teve “Os Contos da Mamãe Gansa”, publicado por Perrault em 1697. Nas obras de La Fontaine existe os apólogos (narrativas moralizantes cujos personagens são objetos), as parábolas (narrativa moralizante da qual se deduz um ensinamento espiritual), as alegorias (narrativa em prosa ou verso que representa a ideia através de uma imagem) e os contos jocosos (originados nos fabliaux, narrativas alegres e muitas vezes obscenas, que tiveram grande sucesso na França medieval).
A queridinha para todas as idades
Podemos interpretar as fábulas enquanto educativas, por ser um gênero com uma moral? A resposta seria sim, entretanto, ao fazer a leitura desses textos para as crianças de diversas faixas-etárias, cabe ao mediador entender em que grau a moral transmitida pela história é adequada à compreensão do aprendiz e em que medida ela se aplica a sua realidade, pois, cada uma com sua jornada de vida e experiência pode ou não ser aproveitada pela criança. Falando em mediador é importante também que ele desenvolva uma postura crítica da criança por meio da interpretação textual. Aqui, eu já deixo o convite para ler 13 fábulas infantis.
É bom lembrar que ouvir e ler histórias é uma forma de fazer com que a criança, jovens e adultos descubram o mundo considerando os conflitos presentes nele, e também as soluções que nós experienciamos ao longo da vida. Ler fábulas ou qualquer outro gênero ou tipo textual incentiva a criatividade, resgatando valores importantes para a construção de autonomia e identidade. Leitura é interpretar o mundo a partir da escrita, ampliando assim a inteligência e compreensão linguística do leitor.
Prosas e versos
De caráter ficcional, as fábulas usam a alegoria para construir sentidos. As características humanas estão intrinsicamente em seus personagens e, ao movimentar a história em ação, constrói algum tipo de ensinamento. Com tais narrativas curtas, o leitor reflete sobre o comportamento em sociedade em uma linguagem simples, objetiva e direta. Contada oralmente, criamos diferentes versões de um mesmo texto. O que não compromete o objetivo ou função final da essência da narrativa.
As fábulas são lapidadas e escritas em prosas ou em versos e, usualmente, os títulos fazem referência às personagens, tempo ou espaço. É bom ressaltar que as crianças aprendem observando e imitando o que vivenciam, assim, todo carinho para passar a mensagem desta narrativa é fundamental. Dito isto, ler fábulas para os pequenos é uma excelente oportunidade para, ao passar alguns minutos especiais contando tais histórias, marcar de forma positiva a memória afetiva deles. As fábulas trazem um universo novo e repleto de possibilidades, criando um sentimento de prazer pelo ato de ler, bem como transformando-o em hábito no futuro. Sabendo de tudo isto, me conte um segredo nos comentários: Qual a fábula que você decide ler hoje para a sua criança interna?
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